Redes sociais ecoam campanha contra apedrejamento no Irã
03/08/2010
O nome da iraniana Sakineh Ashtiani se tornou o centro das atenções. Acusada de adultério e condenada ao apedrejamento por isso, a islâmica foi convidada pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva a se refugiar no Brasil para não morrer sob a pena do Islã. O movimento ultrapassou o limite das discussões políticas e chegou às redes sociais.
"Se minha amizade e afeição pelo presidente do Irã são importantes e se essa mulher está causando problemas lá, nós a acolheremos aqui no Brasil", disse no final de semana após inúmeras rejeições a pedidos de grupos de defesa dos direitos humanos para usar sua influência com o Irã e tentar impedir a execução de Sakineh.
Dentre as ONGs envolvidas, o Avaaz.org recolhe assinaturas endereçadas às autoridades do Irã. O portal já ultrapassa a marca de 500 mil assinaturas e consolida sua força com a integração das redes sociais, mobilizando ajudantes até então inimagináveis, como, por exemplo, os mais de seis mil tweets que saíram do site direto para o microblog em apoio a causa. O Facebook também foi ativado. Por meio do site, os internautas assinam termo em que pedem o fim de mortes por apedrejamento e estendem a campanha a todos os amigos na rede.
Nenhuma autoridade iraniana comentou a posição do presidente brasileiro ou mesmo a mobilização social através da internet, porém a oferta brasileira foi considerada "clara interferência nos assuntos domésticos do Irã", segundo o jornal Jahan News - serviço de notícias ultraconservador do Irã, considerada uma agência que reflete fielmente o pensamento do governo.
Os EUA apoiaram a iniciativa do presidente brasileiro. Segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley, Washington espera que o apelo seja ouvido pelo governo iraniano. "O apedrejamento, no século 21, é um ato de barbárie e deve ser extinto", disse Crowley. "O caso chamou a atenção da comunidade internacional. Diante do fato de o Brasil ter se envolvido e apresentado seu desejo de resolvê-lo, esperamos que o Irã o ouça", finalizou.
Redes que ajudam
Não é primeira vez que a mobilização humanitária na internet em assuntos globais se mostra importante. Durante o terremoto que atingiu o Haiti em janeiro, por exemplo, milhares de pessoas trocaram mensagens de apoio e de iniciativa humanitária a ponto de sobrecarregarem Facebook e Twitter em busca de informações a fim de oferecer ajuda.
À época, em poucas horas, a recém-criada comunidade do Facebook: "O Haiti precisa de nós e nós do Haiti" tinha 2,2 mil pessoas dispostas a recolher produtos de necessidade básica para serem enviados às vítimas do terremoto.
Em meio às dificuldades de estrutura do país, o Twitter se transformou na plataforma mais usada pelos habitantes locais, jornalistas e voluntários na tentativa de informar o trágico cenário em que o país se encontrava. No microblog, centenas de mensagens eram registradas centenas por minuto. Os internautas usaram a ferramenta para manter contato com familiares e trocar mensagens por meio de linhas telefônicas com conexão temporária à internet.
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